O vasco voltando a ser Vasco!!!


E a mística reacende!

As camisas saem às ruas, a cruz-de-malta ressurge, o escudo reluz, o grito explode no ar. O Vasco volta a ser Vasco, a jogar ofensivo, a mostrar heróis, a incendiar sua apaixonada torcida.

O Vasco foi à Ressacada e deixou o time da casa de ressaca. Foi uma atuação esplendorosa, dominando técnica, tática e fisicamente o jogo do primeiro ao último minuto. Diego Souza foi o nome do jogo. Exuberante tecnicamente, fez de tudo: gol, passes, movimentação, jogadas de feito, showzinho particular. Não houve destaque negativo. O Vasco jogou com a grandeza de ser Vasco, com a autoridade de Almirante, com o poder de time tricampeão sulamericano e tetracampeão brasileiro. Impôs-se em campo e triunfou majestosamente, inquestionavelmente, arrebatadoramente.

Foi mais Vasco do que nunca. Foi Supervasco!

A partida de ontem, na Ressacada, serviu para reiterar um detalhe que já havia ficado claro na partida de São Januário. Nas trocas de passes ensaiadas dos jogadores, duas coisas sobressaíram: o padrão tático de Ricardo Gomes (um treinador com marca registrada) e a boa técnica do elenco vascaíno.

Não fosse Ricardo Gomes algo além de um motivador de elenco, o Vasco até poderia ter se classificado na raça e na força, mas não teria a qualidade de jogadas e trocas de passes, a movimentação inteligente que tem. E essa movimentação só é possível porque o time foi totalmente reestruturado com jogadores de técnica diferenciada. A bola passa de pé em pé com classe e elegância. Da defesa, Dedé e Anderson Martins sobram não só no vigor como também na visão de jogo. Não dão beiçadas nem fazem firulas torpes. Eficientes e elegantes ao mesmo tempo. As laterais têm um questionado Allan em evolução, com muita personalidade no papel improvisado de lateral, e Ramon, de técnica muito boa, apesar de algumas precipitações. Deu pra sentir que, após sua saída, perdemos em qualidade técnica, o que reitera a sua qualidade. Fernando Prass esteve perfeito nas saídas de gol como nunca antes. No meio, os volantes de contenção “continham” e saíam com perfeição para o jogo. Eduardo Costa é um gigante! Felipe sempre estupendo nas enfiadas de bola: ele engana até a gente! Quantas vezes você achou que ele ia lançar um e ele, de súbito, lançou outro? Pois é. Éder Luiz foi um monstro no primeiro tempo: rabiscou a defesa como faziam os pontas de antigamente, num show nostálgico de futebol ofensivo de primeiríssima categoria. Alecssandro continua insano, dando passes e chutes que só ele entende, mas mesmo assim foi perigosíssimo e sustentou o pique vascaíno. Ainda teve um gol mal anulado ao final do jogo.

Mas a atuação de gala, o show, a exuberância técnica e o espetáculo da noite vieram dos pés mágicos e das longas pernas de Diego Souza. Suas palavras na virada do jogo foram fundamentais: é em jogos decisivos que os maiores jogadores brilham, despertam, se revelam. No show da Ressacada, Diego fez de tudo... tudo mesmo que se espera de um craque de verdade. Força, velocidade, concentração, arrancadas, dribles, passes, lençol, chapéu, lançamentos, combate... e um golaço! Golaço mesmo, com toque de classe encobrindo o goleiro caído.

Diego reacendeu a chama e deixou claro que o Vasco, hoje, tem um homem de frente para encarar a peleja. Onde havia desconfiança, Diego escreveu a palavra “talento”. E conquistou a fé do torcedor!
Mas não é um só.

O elenco está fechado com Ricardo Gomes e faz mais, muito mais, do que exibir o “futebol de resultados” e valentia que muita gente apregoou. Fossem só o brio e a valentia os triunfos do Vasco e não teríamos a superioridade técnica que tivemos contra o Avaí. Que também é valente, mas pobre de técnica. Enquanto o time de Silas jogava em casa com três zagueiros e três volantes, marcando a si próprio, o Vasco atrevido lançava-se com petulância ao ataque, sem expor sua defesa e sem abrir as pernas para o adversário. O equilíbrio harmônico de uma equipe bem treinada por esse sujeito inteligente que é Ricardo Gomes definiu a classificação. Ricardo devolveu ao Vasco e ao futebol brasileiro o padrão técnico e o privilégio do futebol-arte aos gramados. O Vasco da Ressacada foi irretocável, esplendoroso! 2x0 foram muito baratos! Dezoito jogos invicto... uma façanha!

O Trem-Bala da Colina está vivo e atropelou mais um!

Agora terá pela frente uma equipe mais técnica e mais ofensiva do que o adversário da semifinal.

E por que é que o Vasco tem tão bom aproveitamento quando joga fora de casa? Porque tem base na defesa para suportar pressão adversária e porque tem força de criação para forjar contra-ataques mortais.

A boa notícia é que o Coritiba joga ofensivo e pra frente. Do jeito que o Vasco gosta para praticar também seu bonito futebol.

Estamos a apenas dois jogos da Liberdadores. Este ano, o atalho é nosso...

Chegamos à uma final depois de cinco anos e temos uma excelente chance de finalmente sair da fila. Mas é preciso continuar com a cabeça no lugar, trabalhar sério e deixar o oba-oba com a torcida. O Coritiba é time de tradição, não chegou por acaso à final e quer o título tanto quanto nós queremos. Ricardo Gomes e seus comandados só precisam manter o foco por mais duas quartas-feiras para entrarem definitivamente para a história gloriosa do Vasco.